
“…a incidência da condenação de estupradores é de apenas 4% – e tais condenações representam apenas um percentual insignificante dos estupros que são de fato reportados.
O estupro acontece a qualquer hora, em qualquer lugar, com mulheres de todas as idades. Bebês de quatro meses foram estupradas, e mulheres com mais de noventa anos foram estupradas, embora o maior grupo isolado de sobreviventes de estupro seja formado por adolescentes com idades entre dezesseis e dezoito anos. Esse crime ocorre com mulheres de todas as raças e de todas as classes, independentemente de sua orientação sexual.
Ainda que grande parte de nós tenha a tendência de imaginar os casos de estupro como ataques repentinos, imprevisíveis, praticados por estranhos perversos, na realidade a maioria das vítimas conhece seus estupradores e, de fato, mais da metade de todas as ocorrências acontece na casa da sobrevivente ou do infrator. Além disso, é frequente supor que o estupro é um ato de luxúria e, em consequência, que os estupradores são simplesmente homens que não conseguem controlar seus desejos sexuais. A verdade é que a maioria dos criminosos não estupra por impulso a fim de satisfazer uma incontrolável paixão sexual. Em vez disso, os motivos que levam os homens a estuprar com frequência surgem de sua necessidade socialmente imposta de exercer o poder e o controle sobre as mulheres por meio da violência.
A maior parte dos estupradores não é de psicopatas, como somos levadas a crer pela representação midiática típica dos homens que cometem crimes de violência sexual. Ao contrário, a esmagadora maioria seria considerada “normal” pelos padrões sociais vigentes de normalidade masculina.”
– Angela Davis, 2017
Livro: Mulheres, Cultura e Política
Tem leitura desse livro no meu canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=z9kZBxUPIuA
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