
“Um dos efeitos da colonização cristã em nosso território é expresso na forma como a política é imersa na lógica do bem e do mal.
Por vezes é quase pueril a maneira como políticos são narrados como malvados, os vilões da história, que uma vez derrotados o bem triunfará.
Bolsonaro poderia ser Luis, Michel, João, Guilherme, etc. não é ele nosso maior e mais perigoso inimigo. O que me apavora é o percurso histórico que o tornou (~democraticamente!) possível.
Quando pessoalizamos o mal, nos convencemos de que a luta principal é contra esse sujeito específico e não com/contra uma estrutura defendida por milhões de pessoas que acreditam nos mesmos valores que ele.
Pessoalizar o mal na figura de monstros específicos em vez de fortalecer o combate às violências, enfraquece-o.
Precisamos exercitar a distinção entre violências, hierarquias de poder e moralidade. Não vivemos em desigualdade porque existem pessoas más no mundo, rs. Inclusive porque senão o próprio enfrentamento fica despolitizado: como “curamos” o mal de alguém? Pela fé, talvez? Pela psiquiatria? Pela polícia?
A luta anticolonial não se dá contra o mal, ela não tem o apelo estético do vilão do filme, mas exige de nós um exercício coletivo, cotidiano e organizado pela reparação histórica das feridas coloniais.
Querer o fim de uma gestão de governo é necessário e urgente, mas insuficiente. O problema não está apenas nessa gestão, mas no Estado brasileiro, essencialmente colonial.”
Texto e postagem de autoria de @genipapos
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forabolsonaro também, mas não só.
Assista a live completa “Descatequizar para descolonizar” com Geni Núñez em meu canal no Youtube – https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2152s
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Muito obrigada!