
A Sueli Feliziani é uma intelectual foda de mais e que vcs tudo precisam conhecer
“aqui perdida no CBD e vendo vídeos no tikoeteko de homens que acham que o problema das relações amorosas “modernas” (a modernidade meio que é uma metáfora pra tudo o que não gostam, acho muito risível), é que as mulheres de centros urbanos e potencialmente desenvolvidos estudam demais, são independentes demais, e não dialogam com os homens e suas necessidades, e são exigentes para além de seus atributos físicos (a única coisa que mulheres tem para oferecer) e negligenciam a tão desejada ‘feminilidade’, que para aqueles homens se traduz em subserviência, trabalho doméstico, disponibilidade sexual irrestrita e não subjetiva, e saco de paciência infinito pras merdas que eles querem.
Alguns vão ao extremo de virarem incels ou MGTOW e viverem de falar mal de mulher pra ganhar dinheiro. E outros vão além e criam comunidades de abuso físico, econômico e tráfico de pessoas. Eles odeiam a modernidade, o legal era na Antiguidade quando vc ia nos países dos outros buscar escravas e tava tudo bem. O foda é que tem gurus pra isso e o discurso convence muito macho frustrado que acha que mulher é interesseira (a pessoa tem uma bike velha e acha que alguém quer dar um golpe) e patrocinam homens perigosos em países ricos que vão, de fato, comodificar, coisificar, e lidar com mulheres como coisas, como esses homens pobres gostariam, diante das rejeições que eles atribuem ao seu status econômico, não às suas brilhantes e amáveis personalidades.
Aí o mote desses homens dos países desenvolvidos é o turismo sexual de exploração para países em desenvolvimento. Isso que você leu. Os caras vão para países pobres, encontram garotas ‘jovens, bonitas e sem os impecilhos modernos’ (também conhecidos como direitos), que nunca tiveram contato com feminismo, ou onde o feminismo não é difundido na cultura. Sempre em busca de submissão, disponibilidade sexual e reprodutiva, dotes culinários, num lugar exótico em que são pessoas com dinheiro e poder, de acordo com os papéis usuais de poder masculinidade/feminilidade míticos que eles tem na cabeça, porém essas mulheres são escolhidas em camadas não educadas ou s aem cesso à educação formal, áreas rurais, ou de zonas de exploração internacional, fronteiras, ou vilas pobres, por exemplo. E prometem namoro, até casamento, para elas em troca de favores sexuais. Passam algum tempo com estas mulheres, e as descartam em seguida, passando para o próximo destino, país, mulher ‘exótica’ e submissa, que o tratará como “o rei que ele merece”. São autodenominados Passaport Boys. A maioria com ligação prévia ou atual com organizações militares, o que usam pra explicar seus giros pelo mundo, conhecendo lindas mulheres.
(Sim, tão recrutando milico, pra morrer em guerra lá fora,n prometendo buceta e eles tão caindo que nem estúpidos que são!)
Alguns as levam para seus países de origem, com a promessa de casamento, e as escravizam para fins sexuais, reprodutivos e de trabalho doméstico, configurando a um só tempo escravidão moderna, abuso sexual e familiar e tráfico de pessoas, provocando crises humanitárias em alguns locais.
Ou como o And3w T4ate fez na Romênia, se aproveitam de leis frouxas de defesa da mulher em locais privilegiados e usam de ‘discurso sobre masculinidade alfa’ para colocar mulheres pobres sob cárcere privado, trabalhando em sites de CamGirl cujos lucros vão para o aliciante. Um esquema de pirâmide que liga tanto a carreira de influencer de masculinismo e ódio às mulheres de Tate, que tem oferece, mediante uma assinatura (olha o golpe, e os burro cai) ‘prêmios’ para os homens seguidores da University of Hustle que criarem perfis com os cortes mais violentos de suas falas, e ganharem mais alcance. Os cortes basicamente dizem como b*at3er, 3stupr$ar, e 3scr$avizar mulheres usando redes sociais, aplicativos de date, e misoginia, coerção e violência puras e simples.
Muitos, muitos mesmo, são homens racializados. Dispensando horas e horas de seus dias a produzir, compartilhar e difundir esse tipo de conteúdo sobre mulheres negras ou de suas comunidades raciais.
O que é OBVIAMENTE propaganda de backlash contra direitos das mulheres e pela re domesticação de comunidades não brancas.
O que me causa um misto de riso, estranheza e medo é a noção de que pessoas adultas que entenderam que são pessoas e tem direitos seriam IMPOSSÍVEIS de dialogar, de conviver ou de se relacionar, apenas por que: mulheres não deveriam fazer essas coisas, por natureza. Porque essa é outra coisa repetida à exaustão é a balela de que mulheres x, homens y, Universos diferentes (pegue seu foguete, El0n), homens são caçadores, mulheres coletoras (eu coleto dívidas apenas). Pela própria natureza, NÃO PORQUE OS HORMÔNIOS FEMININOS SÃO ACEITOS SOCIALMENTE, PORQUE OS HORMÔNIOS MASCULINOS NÃO? (sim, eles estão falando de agressividade e 3stupr0). Como se tudo em comportamento sexual, de gênero, de trabalho, e até nas interações humanas não fosse totalmente mediado pela cultura e socialização de bichos gregários que somos, por natureza, também.
Esse foi o estudo do dia.
Se quiserem saber como isso se articula com os Testemunhas de Jeogarvey BR e outros movimentos masculinistas por aí, me avisem”
Jussara Cardoso
Conheça a cientista política Jussara Cardoso e sua pesquisa na live “Palavra de homem: Mapeando o Imaginário sobre o Feminino”, em meu canal do Youtube (Angela Natel) – acesse pelo link https://www.youtube.com/watch?v=X_Mb9damkSk&t=1358s
Filed under: Uncategorized |
Muito obrigada!