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    Escritora, professora, linguista e teóloga, há vinte anos envolvida no trabalho voluntário de produção de material e ensino. Licenciada em Letras - Português-Inglês pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR. Bacharel em Teologia pela Faculdade Fidelis, Curitiba/PR. Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR. Doutoranda em Teologia Exegese e interpretação da Bíblia) pela PUCPR. Cursos e publicações disponíveis: https://linktr.ee/angelanatel Endereço para correspondência: Caixa Postal 21030 Curitiba - PR 81720-981 Produção disponível em https://independent.academia.edu/AngelaNatel Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7903250329441047

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O que definia monogamia cristã em 1500 e o que define hoje? Elaborando a monocultura dos afetos.

A imposição da monogamia foi o principal desafio dos missionários invasores, pois sem ela não seria possível o batismo e sem ele, todo o sucesso da obra civilizatória cristã estaria ameaçado (Vânia Moreira).
Mas o que essa monogamia significava?
Alinhada ao monoteísmo cristão, a monogamia era parte da ideologia que afirmava que só se podia ter um único deus, que todos os demais eram falsos e deveriam ser destruídos.
Por não reconhecerem como legítimas outras espiritualidades é que tentavam nos converter, pois viam a diversidade como uma inimiga de sua fé. Foi o racismo religioso que amparou e ampara a monocultura da fé e dos afetos.
A monogamia era um sacramento porque se entendia que era também um compromisso com deus, portanto, não poderia ser quebrado. A prova de amor e fidelidade a esse deus exigia uma exclusividade: os povos que adoravam outros deuses eram “adúlteros”.
No centro disso, havia o princípio da indissolubilidade do vínculo: não bastava ser apenas com uma pessoa ou amar esse deus por tempo limitado, tinha de ser “para sempre”. Daí a oposição dos cristãos ao direito ao divórcio. Já nossos povos, não tinham esse marco temporal, viviam juntos apenas enquanto queriam.
A monogamia “raiz” do cristianismo impunha, assim, que só se poderia ter um único casamento por toda a vida e a relação só poderia ser interrompida por dois motivos: adultério ou morte (razões como agressão e estupro, por exemplo, não seriam “justas”).
Os monogâmicos de hoje, em sua maioria, já tiveram mais de uma relação afetivo-sexual, de maneira que o princípio de ter apenas um casamento por toda a vida (mono/gamia) vem sendo frequentemente quebrado.
O que permanece, contudo, é a negação da concomitância.
Nessa monogamia contemporânea, até se tolera ter mais de um amor na vida, desde que um de cada vez.
Esse é o principal núcleo da monocultura: não admitir a (possibilidade de) concomitância.
É essa negação que lhes impede de acolher a complexidade da vida, em sua multiplicidade infinita.
É o que faz a beleza da floresta, é o que faz da monocultura uma escassez.

Referências:
MOREIRA, Vania Maria Losada. Casamentos indígenas, casamentos mistos e política na América portuguesa: amizade, negociação, capitulação e assimilação social. Topoi (Rio de Janeiro), [S.L.], v. 19, n. 39, p. 29-52, set. 2018. FapUNIFESP (SciELO).
ANCHIETA, Pe. Joseph de, S.J. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933, p. 354.

Texto de Geni Nuñez – @genipapos no Instagram

Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) –

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